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Os Novos Inquilinos

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Ele fazia aquilo há tanto tempo que ninguém mais lembrava quando havia começado. Na maternidade todos o conheciam e lembravam-se dele, mas desde quando? Desde... Sempre. Final do dia, o velhinho entrava com a autoridade de quem sabe aonde vai e postava-se diante do vidro observando os nascituros. Fazia caretas para uns, acenava para outros e, pouco tempo depois se retirava no mesmo passo lento e firme com que chegara. Foi assim até o dia em que a guarda foi trocada e um jovem segurança o deteve. - E o senhor? - Estou bem, obrigado. Respondeu. - Sim, mas aonde o senhor vai? - Ah, sim, vou até a maternidade. - Nasceu seu neto? - Não. - Então o que o senhor vai fazer lá? - Ora, meu jovem, você faz muitas perguntas! Pois saiba que vou saudar os novos inquilinos. Desejar-lhes, evidentemente, uma excelente e longeva estadia! - Como? - Os novos inquilinos da casa que estou deixando! Com licença! E o ancião se foi, pondo o segurança atordoado com aque

Deixa

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Quando quiseres chorar Quando desejares fugir de ti Lembra-te dos que não conseguem Sequer Entender teu riso ou a tua dor Pois que não sabem A amplitude do teu sofrer E jamais entenderão O poder irrefreável Irreverente Certeiro e impreciso Do teu sorriso... A estes, sugiro-te Então Deixe que se afastem Permita-lhes Que se vão. Cezar Lopes.'.

A Dor

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A dor silencia os falantes Empobrece os nobres Desnuda os vaidosos Enfraquece os poderosos A dor não tem poder Apenas Sobre a fé e as melenas Uma por que não morre A outra Por que já não vive. Cezar Lopes.'.

Silêncio

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Nesta noite as lágrimas escorrem silenciosas na casa da dona Luíza! Em volta de uma mesa de madeira com uma toalha de plástico florida e um vaso de flores plásticas dispostas ao centro, testemunhando a feminilidade latente, obscurecida pela miséria e pela dor de uma menina que se fez mulher muito cedo. De uma mulher que se tornou mãe quase sem querer. De uma mãe que se fez pai, para que seu filho pudesse nascer. Mas nascer não é o bastante. É preciso crescer, desenvolver aptidões cognitivas, sensoriais e morais que apenas uma família completa, em toda a sua complexidade pode oferecer. Contudo, o Ruivo nasceu. Recebeu de batismo o nome de Marcelo. Nome complexo igual à vida do rebento. Afinal, não é fácil crescer sem pai nem mãe, ainda que a mãe esteja presente, sempre que possível, ao seu lado. Mas dona Luíza tem que trabalhar para alimentar seu filho, seu tesouro. Aquele em quem investiu todas as suas esperanças. Aquele que recebeu todo o seu amor. Já o menino, apelidado

A vida exige sacrifícios - Brumadinho

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      Frequentemente ouço pessoas dizerem estas palavras - a vida exige sacrifícios - com um ar fatigado, olhos esmaecidos, postura curvada, como se estivessem carregando a vida, não apenas a sua, mas de toda a humanidade, nas costas há muito tempo. Penso que, tempo demais. Sim, a vida exige sacrifícios. Não só dos seres humanos. Eventualmente sacrifícios são exigidos de todo o ser vivente. N os animais que vivem em grupo, quando atacados por um predador, em geral os mais velhos e/ou doentes sacrificam-se para que os demais possam prosseguir. Tempo virá em que aquele que foi ajudado terá sua chance de retribuir da mesma forma. O importante é que a vida continue. Voltando a nós humanos, os sacrifícios são proporcionais às nossas ambições. Se um homem se contenta com uma vida simples, e decide não se casar e/ou não ter filhos, os sacrifícios que terá de realizar serão evidentemente muito diferentes daquele que deseja uma família. Sim, diferentes. Não melhores nem piores.

O Primeiro Prejuízo

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Em breve vou publicar um trabalho novo tratando da Vale. Neste ínterim, enquanto refletia e buscava subsídios, ocorreu-me um adágio que ouvi em diversas ocasiões do mestre Don Arabi Rodrigues . Diz assim: "O primeiro prejuízo é sempre o menor!" E de fato o é. Se não se corrige o rumo no primeiro prejuízo, todos os demais virão em acréscimo. Problemas não devem ser administrados, mas sim, resolvidos. Não foi estancada a hemorragia da primeira vez, vejam no que deu! Lembrem-se das palavras do mestre Arabi e aguardem. Pois se dessa vez o rumo não for corrigido, em breve veremos acrescidos a estas, outras tristezas, outras vergonhas e muito, mas muito mais dor. Cezar Lopes.'.

Anjo Caído

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As ideias vêm como raios Vão-se da mesma forma Quando penso que subo Caio Quando penso em cair Raios! Caio... Impassível observador Percebo Somente o tempo Placebo Desculpa nosso presente Pois cabe ao futuro julgar Falta dizer que, em verdade O tempo vindouro, creiam Pode nunca chegar... Frequentemente, de fato Não chega Somos finitos, sabias? Nossa existência dura Em geral A soma dos nossos dias E nem um segundo a mais. Cezar Lopes.'.